Skip to content

Rede Autônoma de Luta pela Educação (R.A.L.É.)

Uma página de trabalhadores(as) da educação do Estado de Hell de Janeiro

  • R.A.L.E

[Coluna] Educação Libertária Ontem e Hoje

Posted on 09/05/2020 - 10/05/2020 by rale2016

Por Louise Maria de Carvalho

Na segunda metade do século XIX acontecem grandes avanços, principalmente na Europa, contra a ordem do sistema capitalista tanto em relação às teorias, quanto às práticas de lutas. A partir desse contexto, diferentes formas de socialismo surgem como alternativas ao modelo liberal vigente. Dentre essas correntes, uma que se destacou foi o socialismo libertário ou anarquismo que, devido aos seus princípios políticos, foi um dos pioneiros a incluir a educação como elemento fundamental para se atingir a revolução não apenas política, mas sobretudo social.

Um dos pressupostos que diferenciava o anarquismo das demais correntes socialistas seria – e continua sendo – a tática de atuação e os princípios que buscam uma transformação social que ultrapassa a ocupação de cargos no Estado para dirigir o processo revolucionário por meio de um partido específico. Para os anarquistas era necessário construir alternativas à concentração de poder nas mãos de apenas um líder em todos as áreas da sociedade, de forma concomitante e sem que nenhum setor social tivesse maior grau de importância ou valor do que outro.

Desse modo, a educação passa a ser um elemento que de certa forma unificava toda a classe trabalhadora na aspiração a um modelo de sociedade menos desigual, construído de baixo para cima. As chamadas escolas operárias para a classe trabalhadora e seus filhos e filhas eram fundamentais para não só instruir todos e todas no processo, mas também as próximas gerações. Por essa razão é que Proudhon e Bakunin – teóricos anarquistas – sempre levantaram, em seus escritos a bandeira por uma educação anticapitalista, antirreligiosa e antiestatista. Tal educação deveria ter como objetivo uma educação integral, buscando aliar as formações físicas e intelectuais dos estudantes a fim de romper com a dicotomia entre corpo e mente que temos na educação liberal-capitalista, isto é, a que já temos desde sempre, seja nas escolas públicas ou privadas.

Ao longo do século XX, tivemos diversas experiências educacionais libertárias em todo o mundo até hoje é possível relacionar tais princípios educacionais com a prática de diversos projetos de educação em todos os cantos do mundo. Atualmente a prática libertária na educação se insere tanto em projetos de alfabetização política e anticapitalista em ocupações urbanas e ocupações sem-terra, quanto na construção de uma educação quilombola e indígena fortalecendo seus territórios e suas culturas ancestrais; alcança até pré-vestibulares sociais e creches comunitárias, sejam em favelas ou outros locais periféricos de grandes centros urbanos e até mesmo em escolas que buscam transcender o currículo formal para desenvolver uma abordagem mais crítica, global, que integra os diversos saberes da nossa sociedade.

Portanto, afirmamos que a educação libertária apresenta uma crítica direta à educação tradicional, oferecida pelo capitalismo, tanto em aparelhos estatais de educação quanto nas instituições privadas. Tal crítica se dá principalmente às escolas ligadas a gestões de ordens religiosas com caráter ideológico e político que reproduz a exploração e a dominação das classes privilegiadas no sistema capitalista dentro do âmbito escolar.

As ocupações escolares que aconteceram nos últimos anos revelam que esse processo de crítica à educação tradicional provida pelo capital continua presente. Sendo assim, acreditamos que uma educação popular e libertária que busque a autonomia de forma coletiva como alternativa ao sistema vigente são caminhos viáveis para uma possível emancipação política e social das circunstâncias na qual vivemos. Isto é, um contexto de globalização econômica, projetos cada vez mais capitalistas e reacionários que adentram o campo da educação e um viés neoliberal que assola as populações marginalizadas, seja no Rio de Janeiro ou em outros grandes centros urbanos do Brasil, no Chiapas – México e em outros países da América Latina, ou qualquer outro lugar do mundo em que a desigualdade social predomina.

Posted in General

Post navigation

[Poesia] Erupções
[Editorial]

Recent Posts

  • [CAPA] PANDEMIA E EXCLUSÃO EM TEMPOS DE “NOVO NORMAL” – JORNAL DA RALÉ – 2ª Edição/ Setembro de 2020 08/09/2020
  • [Editorial e Sumário] 08/09/2020
  • [Coluna] A escola quilombola Cafundá Astrogilda 08/09/2020
  • [Artigo] Exclusão digital e alimentar em tempos de pandemia 08/09/2020
  • [Poesia] O mercador das almas 08/09/2020
  • [Artigo] Surdez e Pandemia 08/09/2020
  • [Cultura] Arte, isolamento e exclusão: reflexões sobre o cenário do artista na atualidade 08/09/2020
  • [Coluna] Ajuda Mútua como fator de (R)evolução e transformação da realidade 08/09/2020
  • [Capa] Jornal da Rede Autônoma de Luta pela Educação 09/05/2020
  • [Editorial] 09/05/2020
  • [Coluna] Educação Libertária Ontem e Hoje 09/05/2020
  • [Poesia] Erupções 09/05/2020
  • [Artigo] Direito à Educação em tempos de coronavírus 09/05/2020
  • [Artigo] Vigilância e Punição X Isolamento social 09/05/2020
  • [Cultura] Entrevista 09/05/2020
  • Tese geral da Rede Autônoma de Luta Pela Educação 08/05/2020
  • Carta de Princípios da Rede Autônoma de Luta pela Educação 08/05/2020

Recent Comments

    Archives

    • September 2020
    • May 2020

    Categories

    • Artigo
    • General

    Meta

    • Register
    • Log in
    • Entries feed
    • Comments feed
    • WordPress.org
    Proudly powered by WordPress | Theme: micro, developed by DevriX.